segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A gratidão da dor!


Enquanto todos dormiam e o barulho cadenciado do mar se fazia presente, eu me reconectava com a minha dor e me buscava novamente... No horizonte as ondas quebravam e minha vontade era ser aquele cordão branco ao longe... Começando não sei onde e terminando não sei porquê.
Nesse momento eu pensava que quando tudo parecia se encaixar, planos feitos, metas traçadas, mudanças em vista e um mundo de possibilidades pela frente, eis que caio num abismo... Tudo escapou das minhas mãos, me senti caindo, caindo, sem ter onde segurar... Em tudo o que eu tentava me apoiar era falso demais, então se desfazia sobre minhas mãos...Me sinto sozinha, carente, preterida... Me sinto com vontade... Vontade de que nada disso fosse verdade, vontade de corpo e de pele que não posso ter nesse momento... Vejo a cumplicidade dos outros e isso me confunde e entristece, por que não quero querer... Mediante a tudo, como poderia??? A situação nos afasta ainda mais, será que isso o fará perder-se de mim de uma vez? Se isso acontecer é a prova de que já havíamos nos perdido...
Enquanto me reconectava com minha dor, com meus conflitos, percebi que nesse processo alguma coisa me levantou do fundo desse abismo, senti algumas mãos me amparando, palavras que ecoam na minha mente e aos poucos foram me dando força pra levantar a cabeça e ver que nem tudo está perdido.
- Como você está? Quer que eu vou aí?
- Amiga estou com meu coração apertadinho por sua causa, estou muito preocupada com você!
- Você é iluminada, vai sair dessa!
- Você é muito especial, uma pessoa cheia de alegria, te admiro muito, tudo isso vai passar!
- Você é muito forte Mi, consegue colocar seus sentimentos com clareza, é lúcida, quer uma coisa vai lá e faz!
Entre tantas outras coisas boas que escutei, que senti...
Então levantei a cabeça com dificuldade por que a dor foi lancinante, uma decepção, um desespero contido, algumas coisas se encaixando que meus pensamentos corriam de mim mesma... Quando por fim abri os olhos pude ver QUEM EU SOU! E cara, eu gosto do que vejo! Trabalhei muito pra chegar até aqui, estou falando de trabalhar internamente, de cair, de levantar, de se abrir para o novo sempre, de não ter medo de inverter prioridades, de se jogar, de testar, de dizer que eu errei, enfim, seres perfeitos não habitam a terra...
Como diria alguém que eu amo muito: tá, e o que você vai fazer com isso?
Ainda não sei, estou trabalhando tudo dentro de mim...
Só sei que nesse momento, com todo o turbilhão de sentimentos que me habita, sou grata. Sim, sou grata!
Sou grata à vida sempre, por me dar oportunidades de crescimento como esta, por mais dolorido que seja e por colocar essas pessoas ao meu redor, me amparando, me levantando desse abismo, me ajudando a olhar pra frente!
GRATIDÃO!


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sete anos de muita luz na minha vida!












Filha, tenho tanto a te dizer, mesmo sendo redundante...
Em primeiro lugar sou grata a VIDA, ao UNIVERSO, a DEUS, por ter me dado o privilégio de ser sua mãe! Você me ensina com sua doçura, com seu olhar, com sua meiguice, com sua paciência, com sua determinação... Eu tenho tanto orgulho, mas tanto orgulho de você, é tanto amor que me transborda, que me enternece, que me enlouquece quando percebo que sou tão pequena diante da sua grandeza! Incansavelmente eu peço a Deus sabedoria pra poder te dar a base necessária para que você cresça um ser humano pleno, inteiro, feliz, de bem!
Já se passaram 7 anos, muitos erros, alguns acertos e muito, muito aprendizado!
Me perdoa por estar ausente, por muitas vezes não conseguir alcançar a sua demanda, que é tão sutil, tão sublime, muitas vezes requer olhar apenas com o coração... Estou tentando, estou aprendendo, com você, SEMPRE!!!
Você tornou minha vida mais leve e ao mesmo tempo mais pesada, porque é com a maternidade que eu me encaro, que eu me dispo, que eu mergulho fundo nos meus próprios conflitos pra poder ajudar os seus e, SE olhar minha filha, não é fácil não...
Como ouvi uma vez, a ignorância é santa, pois quando eu não sei de nada ninguém pode me culpar, mas quando eu sei o que tenho que fazer, sei onde tenho que mudar, reconheço em mim defeitos, conflitos, qualidades que nem achei que tivesse, ah aí a coisa fica séria... Porque eu preciso sair dessa inércia, eu preciso colocar meus valores no chão, me reconstruir, me entender e é isso que acontece desde que você chegou na minha vida!
Eu me reinvento a todo momento, me entendo e me conheço segundo a demanda que você me traz! Isso é tão rico, é uma troca tão grande, muitas vezes pesada sim, mas extremamente prazerosa. É a tal da montanha que a gente sobe e pensa em desistir no meio do caminho mas algo te dá força e você segue, sentindo o cansaço mas também o prazer de continuar!
É assim que me sinto, subindo uma imensa montanha, a montanha do auto conhecimento e que você me impulsionou a subir, cada passo dado é uma melhor qualidade de vida pra mim e pra você, porque se eu me melhoro como pessoa, consequentemente eu me melhoro como mãe e isso a atinge imediatamente.
Percebe que é um ciclo?
A maternidade, pra mim, tem esse poder e você é peça fundamental nessa história, afinal, é por sua existência que eu me tornei mãe!
Desejo que você nunca perca sua GENEROSIDADE, que é algo que me encanta! Seu espírito curioso, sua determinação! Desejo que você cumpra a sua missão nesse planeta que por hora nos acolhe...
Estarei sempre ao seu lado filha, SEMPRE! Não pra te impor o que EU acho certo ou como "tem" que ser, mas pra te acolher mesmo que os caminhos que você venha escolher não sejam aqueles que sirvam pra mim, afinal, antes de ser minha filha você é um ser humano livre, que merece viver, aprender, experimentar tudo que vier te trazer sabedoria, prazer, entendimento...
Te amo infinitamente filha...

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sobre a dor da separação e as belezas que se escondem atrás dos momentos difíceis...






"Um discípulo perguntou ao mestre: o que acontece depois da morte?
E o mestre respondeu: venha aqui no final do dia que voltaremos a falar nesse assunto.
O discípulo voltou no final do dia e o mestre comentou: olha, o sol morreu. Ao que o discípulo respondeu: não, o sol não morreu, ele agora brilha em outro lugar, amanhã ele volta a brilhar aqui.
Então o mestre respondeu: isso também acontece com a morte, apenas brilhamos em outro lugar, para depois retornarmos a brilhar aqui. Você sabe que o sol está lá, que ele não morreu, você só não o vê mais, assim acontece conosco."


A passagem de uma vida para o plano espiritual sempre causa dor. Dependendo da maneira como é feita essa passagem dói descontroladamente ou não, mas não deixa de doer...
Meu pai fez a sua passagem com 37 anos de idade, vítima de um infarto fulminante, saí de casa pela manhã e ele estava dormindo, quando voltei ele já estava do outro lado.
Foi a maior dor que senti até então, uma dor lancinante que beira o desespero.
Alguns anos depois quem partiu foi minha avó, pessoa de extrema importância na minha vida, mas ela já estava doente e não foi surpresa sua passagem, doeu tanto, tanto... Sinto sua falta até hoje, sempre sentirei, mas a dor não beirou o desespero. Mais uns anos depois e a segunda pessoa dessa segunda geração (o primeiro foi meu pai) fez sua passagem, meu padrinho, tio Milton. Tio Milton tinha um abraço que não tinha fim, como sou uma das sobrinhas mais velhas, todos me acompanharam muito na infância. Do tio Milton eu apertava espinha, acompanhava ao bar, assistia filme junto. Doeu também, mas como ele estava doente, já esperava por isso...
Ontem partiu a terceira pessoa dessa segunda geração, quando eu me refiro a segunda geração é como eu entendo a minha família, meus avós e seus irmãos fazem parte da primeira geração, do meu ponto de vista, os irmãos e irmãs da minha mãe e seus respectivos maridos e esposas fazem parte da segunda, eu, meus irmãos e meus primos somos da terceira geração e assim por diante... Enfim, ontem o meu querido tio Fábio fez essa passagem, marido da minha tia Iraci, irmã da minha mãe, também já esperávamos por isso, ele estava doente e na situação que ele estava essa foi a melhor situação. Cara, mas como dói!
Com o tio Fábio eu pesquei, eu ri, eu tive medo da injeção de cavalo (era o que ele falava que ia me trazer quando eu desobedecia), o tio Fábio estava na minha formatura do pré, na minha primeira apresentação do jazz, o tio Fábio cedeu a garagem para o chá de bebê da minha irmã, para o aniversário de 1 ano do meu sobrinho, ele nos fez ri muito quando foi visitar Babi e Matheus recém-nascidos. Tio Fábio era apaixonado pela vó Tereza, como um filho querido mesmo, e a recíproca era verdadeira, como era! Tio Fábio tinha lindos olhos verdes, falava muito palavrão e fingia que era bravo, mas a gente não acreditava...
Conversando com a minha irmã ela disse: nossa, eu gostava tanto do tio Fábio, sempre ria muito com ele, sempre recebia olhar de carinho, não entendo porque eu não aproveitei mais!
Quando alguém parte essa é uma sensação que se faz presente em quase todos né? A sensação de não ter curtido tudo o que podia, ainda mais quando a partida é cedo, do ponto de vista material, meu tio só tinha 54 anos...
Mesmo estando um pouco mais distante, devido a vida de casada e as rotinas do dia a dia, sempre guardei meus tios no meu coração e as lembranças doces da minha infância ao lado deles...
Ver meus tios e tias se abraçarem e sentirem profundamente a dor da perda de um cara que era considerado como mais um irmão, foi muito comovente! Acredito que meus tios e tias consideram os cunhados e cunhadas como irmãos mesmo, pois a convivência é muito longa.
Fiquei pensando que minha tia começou a namorar com meu tio quando tinha 17 anos, todos meus tios tem as idades próximas, então eles são como uma grande família de fato.
No meio da dor e da tristeza, como tenho feito ultimamente, procurei tirar o aprendizado proposto e ver a beleza que se esconde atrás das situações difíceis, eu explico:
Impossível não notar o amparo que se instalava entre as irmãs da minha mãe, são 6 irmãs e 1 irmão que se abraçavam a todo momento tentando de todas as formas dividir um pouco da dor que reinava ali. Os olhares de amparo e os abraços foi realmente algo que me comoveu, a sustentação que um dava para o outro sabe?
Num momento em que meu primo chorava bastante, um primo chegou e abraçou de um lado, o outro do outro, a outra prima chegou perto, a outra pôs a mão, como que se todos estivessem dizendo: estamos todos aqui, não podemos fazer passar sua dor, mas estamos aqui.
A energia que emanava daqueles momentos de carinho e apoio chegava a ser palpável...
Outra coisa que me chamou bastante atenção foi que uma prima que não falava com a minha tia a muitos anos, ficou muito triste com o ocorrido, na época de adolescente elas eram muito amigas e não sei por qual motivo brigaram e nunca mais se falaram, essa prima apareceu e o abraço foi tão grande, tão receptivo, que não teve como não se emocionar...
Fiquei sabendo que essa prima está com depressão e então pensei como mesmo em situações difíceis, Deus dá o seu jeito de ensinar, o que eu quero dizer é que pode haver aí um reatamento de amizade que vai acabar ajudando a prima, pois quem conhece minha tia Iraci sabe do quanto ela é bem vinda numa situação dessas.
Enfim, o enterro ocorreu e acabou.
É estranho isso né? Acabou. Sua jornada foi cumprida e o que resta são recordações, saudades e ainda muita dor... Mas acabou aqui, o que podemos ver afinal, os olhos verdes do tio Fábio agora brilham em outro lugar, como o sol...
Que Jesus possa nos carregar no colo nesse momento, principalmente meu primo e minha tia, até que da sua presença só reste a saudade e não mais a dor da separação...
Esteja em paz tio, até breve!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Marcha da Vadias x Visita do Papa

Ontem estava vendo uma reportagem sobre a Marcha das Vadias x Visita do Papa e fui dormir pensando a respeito...
Na Marcha das Vadias os manifestantes exigem mais respeito e consideração com as mulheres e o feminino em um mundo ainda controlado por uma ideologia machista e falocêntrica, manifestam-se pela legalização do aborto e contra o estatuto do nascituro. Ok, acho tudo isso válido, legítimo!
Vale dizer aqui que não sou a favor do aborto, não faria o aborto nunca, jamais na minha vida, isso é além de mim, vai na contra mão de tudo que eu acredito, mas... Isso não quer dizer que todos tenham que pensar como eu, isso não quer dizer que todos tem que seguir os meus valores, muito menos que a Igreja (seja ela qual for) tenha o direito de decidir isso na vida de alguém, afinal, como ressoa aos quatro ventos, o estado deveria ser laico. Bom, esse assunto é muito mais complexo e merece um post só pra ele, a questão aqui é a legitimidade da Marcha das Vadias.
Acontece que enquanto eu assistia, por mais que eu apoiasse a causa, não conseguia sentir boas energias com o que eu via, os excessos me assustaram, ao passo que quando eu via o Papa meu coração se enchia de ternura e eu cheguei até a me emocionar.
Não sou católica, mas estou aprendendo a respeitar todo líder religioso, seja ele de qual religião for (muito embora seja bem difícil respeitar alguns, mas enfim...), acredito que se o mesmo está no lugar que está não é por acaso e há uma missão a cumprir, o que acontece é que muitos (se não a maioria) desviam os caminhos de acordo com seus interesses.
Aí eu entrei em outro dilema: o Papa é fofinho porque a igreja precisava ou a igreja precisava por isso que o Papa é fofinho? Deu pra entender o trocadilho?
E então hoje acordei pensando nisso, e pensando, e pensando... Quando me deparei com esse texto que diz muito do que eu penso a respeito, ou seja, RESPEITO!
Não importa se eu não fui respeitada até hoje por ser minoria, eu vou buscar meus direitos com RESPEITO, mostrando ao outro que me desrespeitou que podemos fazer de uma outra forma.
É claro que em todo tipo de manifestação e reivindicações acontecem os excessos, acho que no fim isso acaba sendo legítimo também, mas não é legal, não traz o objetivo esperado, sei-lá se eu sou muito romântica, só acho, rssss....

Parte do texto que vale muito a pena ler:

As manifestações públicas, mesmo aquelas de caráter reivindicatório justo e adequado (como a Marcha das Vadias, em que as manifestantes exigem mais respeito e consideração com as mulheres e o feminino em um mundo ainda controlado por uma ideologia machista e falocêntrica), são um prato cheio para o atos de exibicionismo, atitudes histéricas e até mesmo a perversidade explícita. Para além dos pedidos e das queixas (como eu disse, justas e coerentes), alguns dos manifestantes (normalmente aqueles que menos se interessam pela questão em disputa) usam o público, a plateia sequiosa de escândalos e o clima de exacerbada emoção para todo o tipo de baixaria, abuso e exagero. Com isso suas ações acabam atraindo atenções e comentários, bem mais do que os “15 minutos de fama” regulamentares apregoados pelo visionário Andy Warhol.
Todavia, o resultado é invariavelmente negativo e contraproducente pois tais atitudes acabam por corromper a iniciativa, desviando a atenção dos valores em debate e distorcendo o foco das ações. Quando tais exageros são permitidos (e as vezes até estimulados) a própria luta pelos direitos em questão enfraquece. Ninguém estará interessado em apoiar um movimento que luta por respeito com as armas do abuso, do escândalo despropositado e do deboche.




quarta-feira, 24 de julho de 2013

O príncipe que nasceu de parto normal e a mãe que não usou cinta ao sair da maternidade.




Poderia começar o dia falando sobre inúmeras coisas, até comentando sobre o frio, que é assunto recorrente por aqui, rssss...
Mas vou começar o dia falando sobre algo que me representa: PARTO!
Não sou nenhuma doutora no assunto, estou aprendendo cada vez mais. Apesar de ter  PARIDO meus dois filhos ainda tenho muito que aprender, mas já percebo que quando se trata desse assunto e algum amigo próximo tem alguma dúvida, já começa a me procurar, pois sabe que alguma coisa vou ter a responder ou na pior das hipóteses vou procurar e depois respondo com exatidão.
O que quero dizer com tudo isso é que um garotinho nasce lá nas terras do chá das cinco, de parto normal, após 11 horas de trabalho de parto, com o pai ao lado, a mãe sai do hospital sem cinta, com a barriga pós parto mais linda que eu já vi, sem maquiagem, enfim... Pasmem, ela é princesa, duquesa, sei lá o quê!
E aí chove compartilhamentos e comentários nas times lines pelo mundo afora... Muita coisa na cabeça de muita gente começa a entrar em xeque, ou pelo menos deveria...
Vamos a algumas possibilidades:
1- Ué, eu jurava que parir era coisa de pobre, que só paria quem não tinha convênio... (oi?)
2 - Nossa, eu achava que parir era coisa de hippie, de índia, dessas mulheres que estão na modinha da humanização...
3 - Nossa, ela podia por uma cinta né, sair com essa barriga pós parto, ela é uma princesa... (parece que até escuto a voz de quem falaria isso, rssss...)
4 - Passa uma maquiagem, põe um batom, caramba ela princesa (duquesa, sei-lá), tem uma imagem a zelar... (nossa, esse comentário merece um blargh, mas eu posso até sentir quem diria isso...)
O fato é que as mulheres deveriam aproveitar o ensejo e pensar melhor sobre esse universo: maternidade x parto x aparecer linda na foto sem barriga.
Aí você vê um monte de "globaletes" saindo do hospital com a cinta apertando até a alma, maquiada, escovada, pronta para um desfile de escola de samba, versus uma mulher que se tornou princesa (duquesa) e sai do hospital simples, como qualquer pessoa normal.
Será que isso não traz nenhum questionamento para as pessoas? Quais são os nossos valores? Onde estou depositando minhas forças? O que é realmente importante pra mim? Será que eu me frusto quando percebo que não consigo depois de 3 meses de "parida" (ou "cesariada") não estar como aquela globalete que eu vi no programa matinal falando da sua recuperação e como já voltou ao corpo que tinha antes da gestação?
Não estou dizendo que as mulheres tem que sair do hospital de coque, com cara de acabada, tremendo e de camisola, não, não é isso. Se cuidar faz parte, o que estou falando é de extremos e como muitas vezes sem mesmo raciocinar as mulheres fazem a maior força para entrar dentro desses padrões, gerando uma frustração ímpar, cobrando umas as outras, cochichando com a "amiga" como fulana engordou depois da gestação, como "tá" acabada, contribuindo com uma rivalidade que na minha humilde opinião não provém das mulheres e sim de um sistema imposto guela abaixo, que fazem com que repetimos padrões presas na normose, sem nem mesmo questionar o porquê de tudo isso!
Não sei, são só questionamentos...
Mas o que as mulheres deveriam começar a se perguntar mesmo é o porquê de tantas cesárias aqui no Brasil, se informar mesmo sabe?!
Caramba, tem hora que eu não me conformo que com tanta informação que a gente tem na internet, tantos blogs fera falando do assunto, até o blog de uma médica super respeitada, recheado de evidências científicas e ainda assim, aquela mulher que você conhece, enche ela de links sobre parto rezando pra que ela se empodere e tome as rédeas do seu parto, da sua vida, chega pra você com aquela cara de coitada e fala: eu não tive dilatação...
Porra mano, tu não aprendeu nada véi! Tu não leu nada véi, do que eu te mandei? Tu não pesquisou, tu não questionou???
Tomara que o nascimento de um príncipe e a repercussão que a notícia vem trazendo, façam com que as mulheres comecem a se questionar de fato e deixar de "queria querer" para QUERER um parto digno, virarem agentes multiplicadoras e ser mais um formiga nesse exército de mulheres e homens que lutam para reverter a realidade obstétrica no país!
Aqui e aqui dois blogs que falam com maestria do assunto!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Chove chuva!



Aprendi a gostar de chuva com a vó Tereza (como chamamos minha querida vó que já fez a viagem de volta)...
Toda vez que chovia ela falava do quanto gostava da chuva, que molhava as plantações, que gostava do barulho, que lavava a alma...
Engraçado como interiorizei isso e sempre amei a chuva. Quando o tempo se acinzenta, ao contrário da maioria, me sinto feliz!
Me traz recolhimento, interiorização e automaticamente a imagem da minha querida vozinha de óculos e cabelos brancos na mente.
Gosto do barulho, gosto da energia que a chuva traz, hoje penso que ela lava não só a atmosfera mas as energias densas que emanamos na maior parte do tempo...
Vejo a chuva e o frio com outros olhos, procuro encontrar o prazer no frio tanto quanto encontro no calor, tudo é necessário na nossa vida, o "arquiteto" que projetou tudo isso não fez nada em vão, mas teimamos em reclamar na maioria das vezes e querer que até o tempo esteja a disposição do que queremos, mas nem sempre do que precisamos...
Chove chuva, lava minha alma, renova minhas esperanças, meus propósitos, traga-me lembranças que acalentam minha alma e me faz olhar para o futuro com a certeza de que estou me encontrando em cada momento...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Meu primeiro relato de parto como doula.



Há uma semana participei do meu primeiro parto, a correria foi tanta de lá pra cá que eu realmente não tive tempo de relatar como tudo aconteceu, mas cá estou e vamos lá!
Conheci a Tamirez na Casa da Borboleta numa palestra que o Dr. Bráulio Zorzella veio dar, ela estava com 30 semanas aproximadamente, estava acompanhada de seu marido Gustavo e de seu filho lindo e comunicativo Samuel.
Quando a palestra terminou ficamos todos batendo um papo no buffet da Reila e comendo seus pães maravilhosos, então ela falou que o Samuel tinha nascido na Casa de Parto de Sapopemba e que ela não teve doula, mas que ela estava tão distante de todo esse assunto sobre humanização que ela achava que ia precisar de uma doula pra ajudá-la a se aproximar de tudo isso. A conversa foi curta, mas eu me disponibilizei para ser sua doula voluntariamente, uma vez que eu ainda não tinha acompanhado parto nenhum seria bom pra ela e pra mim, ela então disse que ia pensar, ok!
No dia seguinte adicionei ela no FB e aguardei. Ela me aceitou mas não fez nenhum comentário, então esperei mais umas 2 semanas e mandei uma mensagem pra ela me colocando a disposição e passei todos meus contatos. Então ela me respondeu:
"Oi Michele!!!
Não esqueci de vc, é que ainda estou um pouco confusa quanto a isso. Eu queria saber como aconteceria os encontros, se vc já tem algo planejado. Já estou de 32 semanas e continuo sem saber o q fazer da minha vida, rssss. Hoje estou um pouco corrida, mas quero pensar e conversar contigo sim. Bjs!"
Enfim, depois disso nos falamos por telefone e marquei uma visita na casa dela que durou 4 horas, rsss...
Na realidade os conflitos que envolviam a Tamirez não era em relação aos procedimentos do parto e sim o vínculo que ela não estava conseguindo construir com a Isadora, devido a grande quantidade de obstáculos ocorridos na gravidez.
Nessas 4 horas conversamos bastante (não poderia ser diferente comigo né? rsss... eita mulé que fala!), senti que foi muito bom, me abri, falei de mim, da minha vida, ela falou da dela, dos seus conflitos, dos seus medos... Acredito mesmo que pra doular alguém essa pessoa tem que se sentir confortável comigo, saber quem eu sou, criar vínculo, afinal, esse é um momento muito importante, se não o mais importante da vida de uma mulher, como compartilhá-lo com uma pessoa que você não se sente à vontade? Como deixar uma pessoa colocar a mão em você, te ver parir, totalmente despida de qualquer pudor vigente na sociedade, se você não a conhece, não sabe o que ela pensa, quem ela é? Pra mim, Michele Aquino, isso faz total sentido, pode ser que no decorrer da minha caminhada eu encontre pessoas que não se importem tanto com isso e por mim tudo bem, mas pelo menos nesse caso eu senti que ela precisava saber quem eu era, no que eu acredito, quais caminho sigo para que pudesse se sentir à vontade.
Ela achava que eu ia ficar uma horinha só e eu dediquei toda a minha tarde pra ela, com muito carinho eu estava ali, de corpo e alma pra entender e poder ajudar.
Depois disso, no meio da semana que se seguiu, nos falamos por telefone por quase 2 horas, ela estava com dúvidas sobre ter na Casa do Parto. Os procedimentos com o bebê, que são protocolo da Casa não a agradavam e as possíveis intervenções também a deixaram insegura.
Chegamos num momento em que ela tinha duas opções, tentasse o convênio e aí nós já sabíamos o desfecho dessa história:  CESÁREA! Ou encarasse dos males o menor e foi o que ela escolheu.
Na segunda-feira dia 10/06 tivemos nosso último encontro antes do parto na Casa da Borboleta, ela estava bem mais tranquila, já tinha se decidido sobre a Casa do Parto, já tinha começado a sentir algumas contrações e tudo estava correndo bem. Ao longo da nossa conversa a Reila (responsável pela Casa da Borboleta) falou:
- Nossa, como você está bem, estou vendo que você está bem mais tranquila, mais serena do que da última vez que conversamos.
Ao que a Tamirez respondeu:
- É o que essa mulher tá fazendo na minha vida! (Se referindo a mim)
Fiquei tão emocionada, tão feliz! Claro que o ego leva uma massageada, mas o que mais me deixou feliz foi saber que eu estava conseguindo cumprir bem o que me propus e que eu estava fazendo bem para outra pessoa, isso me deu uma satisfação que dinheiro nenhum no mundo pode comprar!
Na terça-feira lá pelas 21:30 a Tamirez me liga pra falar que as contrações estavam ficando um pouco mais fortes mas ainda estavam descompassadas, foi um aviso pra eu ficar em stand by. Detalhe, Júnior começava com uma falta de ar louca, tanto que antes das 22:00 já estava dormindo, tamanho o cansaço, já tinha feito inalação e aguardei.
Terminei de fazer as coisas que precisava em casa, todos foram dormir e eu fui tomar banho, caía uma garoa fina lá fora, estava bem frio e o Júnior com a respiração péssima dormindo na minha cama, nessa hora senti um aperto no coração, elevei meus pensamentos e fiz uma prece, pedindo para que a Tamirez não entrasse em trabalho de parto de madrugada, pois eu teria que deixar meu filho que começava a ficar mal e não tinha certeza se eu tinha peito pra fazer isso...
Eram 11:40 quando fiz outra inalação no Júnior e então dormi até 01:15 quando acordei com a respiração dele novamente, então não consegui dormir mais, quando foi 01:40 fiz outra inalação e ele acordou ligadão, falando mais que a boca, quando foi 02:00 a Tamirez ligou.
Na realidade podíamos ter esperado mais, no entanto minha pouca experiência fez com que eu dissesse a ela que fôssemos pra Casa do Parto, as contrações ainda não estavam ritmadas, mas ela dizia que estavam mais fortes e ela já tinha ido no banheiro duas vezes, pensei logo na minha irmã que passou exatamente por esse processo, foi pra Casa de Parto e depois de 20min. que ela chegou lá minha sobrinha nasceu, como a Tamirez mora em Artur Alvim fiquei com medo, apesar de ser de madrugada, de não dar tempo.
Respirei fundo, tirei meu pijama, pedi para o meu marido colocar o caminho no GPS (já fui pra Casa de Parto inúmeras vezes, mas sou a pessoa mais perdida da face da Terra), vale dizer que meu marido foi um fofo, por um momento fiquei apreensiva com a opinião dele, mas ele me apoiou, como sempre! Ficou com o Júnior que ainda estava cansado mas estava bem e eu fui!
Enquanto o portão da minha garagem subia foi me dando um frio na barriga, aquela garoa fina, aquelas ruas desertas e eu que nunca andei de carro de madrugada sozinha estava ali, prestes a sair, preocupada com meu filho e prestes a encarar meu primeiro parto. Mais uma vez elevei meus pensamentos e pedi proteção para que tudo corresse bem. Me deu uma força do além e fui!
Na Casa do Parto a Tamirez foi examinada e como era de se esperar ainda estava muito cedo, então decidimos voltar.
Cheguei em casa e o Júnior ainda estava acordado, creio eu que toda a minha ansiedade se manifestou nele, por isso o chiado, por isso ele acordar e não dormir, enfim... Quando cheguei ele perguntou: mamãe o bebê naxeu? Não meu filho, ainda não...
Fiz um chá pra acalmá-lo e a mim também e fomos dormir, dormi das 04:00 da manhã até às 06:00 quando o despertador tocou, levantei, tomei banho, troquei as crianças e quando fui pegar minha bolsa o Gustavo (marido da Tamirez) me liga falando que eles já estavam na Casa de Parto e que ela já estava internada. Levei o Jú pra creche, deixei a Babi na minha mãe (fiquei com medo do trabalho de parto demorar e não ter ninguém pra pegar a Bá na escola 12:00hs) e fui.
Cheguei lá ela estava no chuveiro, o Gustavo a estava amparando, totalmente conectado com o momento. Lindo de ver, lindo!
Ela já estava com 5 cm. de dilatação quando a Maria Cristina, enfermeira obstetra da Casa do Parto, foi examiná-la. A essa altura eram umas 09:00hs da manhã e ela estava com 6cm, mas as contrações não eram muito eficazes, então a Maria Cristina achou melhor que ela se movimentasse ao invés de ficar na água quente. A Tamirez preferiu ficar deitada, de um lado eu do outro o Gustavo, formamos um círculo alí tão envolvido, tão conectado que mais parecia uma orquestra, cada um sabia o momento de tocar seu instrumento...
Quando as contrações vinham ela pedia que eu a ajudasse a visualizar a Isadora, falando dela, como estava perto sua chegada, como ela estava sendo forte, o Gustavo estava totalmente interiorizado junto com ela, falava manso em seu ouvido que ela precisava ficar consciente, que a força dela estava na mente dela e que ela tinha domínio sobre seu corpo.
Quando essa mulher, guerreira e maravilhosa chegou aos 8cm de dilatação, a interiorização dela era tão grande que ela nem gemia, balançava a cabeça lentamente, quando abria os olhos dava pra perceber que ela estava na partolândia, pois seu estado de consciência estava alterado, mas ela estava mergulhada dentro dela mesma e nesse momento o silêncio era fundamental.
Até que veio aquele puxo involuntário e ela falou entre dentes: vai nascerrrrrgrrrrr!!!
Chamei a Maria Cristina e ela veio ver, de fato o bebê estava descendo, estava ali!
A Maria Cristina tirou uma parte da cama e a Tamirez apoiou os pés no estribo (acho que é esse o nome), levantou mais a cama e ela ficou quase sentada, e então começou o expulsivo, que durou cerca de umas meia hora. Nesse momento eu peguei a máquina do pai e fui tirar fotos pois ele estava muito envolvido pra pensar nisso (constatei que eu preciso de um curso de fotos para parto, rsss...), a outra aux. de enfermagem foi ajudar a segurar as pernas da Tamirez porque ela escorregava na cama, o Gustavo segurava na mão dela e eu esperando aquela cabecinha cabeluda que saía e voltava a cada contração.
Por fim a Isadora nasceu, foi direto para o colo da Tamirez, que chorou muito e a primeira coisa que disse foi: perdão minha filha por esses 9 meses, a mamãe te ama, a mamãe te ama!
O pai chorava e falava: é a nossa princesa!
Eu?
Chorando também, claro!
O cordão só foi cortado depois que parou de pulsar, a Isadora ficou mais alguns minutos ali no colinho da Tamirez, até parar de chorar e a aux. de enfermagem a levou para os procedimentos, o pai foi junto pra acompanhar e eu fiquei ali do lado da Tamirez esperando o final da sutura, foi uma laceração pequena de 2º grau.
Enquanto a Maria Cristina suturava a Tamirez falava: eu tive um parto natural? Sim Tamirez, você teve um parto natural, sem nenhuma intervenção, nada!
- Não acredito meu Deus, eu consegui!!!
Após a sutura dei um grande abraço nela, ela me disse que minhas palavras foram muito importantes para que ela se sentisse forte pra chegar até o fim! Me emocionei muito.
Depois disso passei na salinha pra ver a Isadora, dei um grande abraço no pai que correspondeu emocionado, peguei minha bolsa e fui...
Enquanto dirigia pensava como tudo é perfeito, a Tamirez teve problemas pra criar vínculo com a Isadora durante a gestação, nem conversar com ela conseguia e como ela mesma disse pra mim, havia momentos em que parecia nem estar grávida. O trabalho de parto foi a união das duas, um trabalho em conjunto que fez com que elas resolvessem ali qualquer pendência e o amor explodiu assim que a Tamirez a pegou no colo.
Conversando com uma mãe que passou por uma cesária, no grupo de apoio a gestantes de São Matheus, ela me dizia que foi difícil construir um vínculo com o filho dela. Após a cesárea quando o trouxeram pra ela, ela se sentia estranha, era como se tivessem pego um bebê e colocado no colo dela, não o filho dela. Ela disse que levou alguns dias pra que ela sentisse aquele amor, aquele enternecimento...
Então fiquei pensando se a Tamirez tivesse passado por uma cesárea, já tendo alguns contratempos na gestação e não conseguindo criar esse vínculo com a Isadora, pois é... O parto é algo lindo mesmo! Muito além do que dar a luz, tudo que está por trás de um parto é muito grande, é muito profundo!
Lamento pelas mulheres que abdicam desse momento para não sentir dor. A dor é tão pequena diante de tudo que o parto trás, diante da força e do poder que uma mulher tem quando pari!
Vale falar aqui também sobre o pai, que foi um doulo! Super envolvido no trabalho de parto desde o começo até o fim, totalmente conectado com a Tamirez, meu eterno respeito e admiração a esse pai!
A Isadora é linda, claro!
Dessa história nasceu muito mais do que uma mãe de 2, forte e segura de suas escolhas, um pai totalmente envolvido e apaixonado pela sua família e um irmãozinho feliz com sua irmã, nasceu minha primeira doulagem, a primeira de muitas que virão! Nasceu uma amizade recíproca recheada de muito carinho e respeito!
Obrigada Tamirez por me deixar fazer parte de tudo isso, foi um privilégio acompanhar você! Se eu conseguir ter o terceirinho é em sua força que vou me espelhar!
GRATIDÃO!




terça-feira, 14 de maio de 2013

E já se passaram 3 anos...

Há três anos atrás, nesse exato momento (08:15am), eu começava a sentir a dor lancinante provocada pela ocitocina sintética. Apesar de hoje saber que essa intervenção é em sua maioria das vezes desnecessária, naquele momento eu me sentia bem... Estava num ambiente acolhedor, rodeada de pessoas que eu já conhecia, caía lá fora uma chuvinha fina, o dia estava bem cinza (do jeito que eu adoro) e eu me sentia acolhida.
Dali uma hora e alguns minutinhos, você meu filho, estaria nos meus braços, com seus cabelinhos negros e fartos... Apesar de eu ter planejado você, ao passo de saber exatamente o dia em que você foi concebido (18/08/2009), eu não estava preparada pra ser mãe de dois, profissional, mulher e atender a expectativas de todos (hoje, as duras penas aprendi que a expectativa do outro não é problema meu e caminho a cada dia pra enraizar essa verdade dentro de mim, mas há três anos atrás eu não tinha ideia sobre isso). É claro que tê-lo nos meus braços foi de grande alegria e muito amor, mas faltava alguma coisa e eu não conseguia explicar... É como quando você puxa o ar e ele não vem por inteiro, não sei, algo escapava...
Hoje tenho plena consciência de que eu estava tão envolvida com outras coisas menos importantes, preocupada em dar conta de tudo, desconectada de mim mesma que não consegui me conectar à você e a dificuldade de amamentar e falta de apoio de alguém que soubesse de fato do que estava falando, só intensificou essa falta de vínculo entre nós. Lembro de não conversar com você, de não ficar parada olhando você dormir e de fazer tudo mecanicamente, eu precisava de ajuda mas nem eu mesma me dava conta disso. Até que aos 6 meses você teve sua primeira pneumonia e sua primeira internação...
Nunca vou esquecer daquela imagem: fui trocar com seu pai, que tinha passado a noite com você, enquanto eu andava pelo corredor do Cândido Fontoura meu coração acelerava e eu não via a hora de te ver, o quarto onde você estava era o último do corredor e parecia que aquele corredor não tinha fim, quando passei pelo vidro da janela, vi você ali, com aquele pijaminha verde do hospital, sentadinho no berço brincando com os pesinhos, quando você levantou a cabeça e me viu abriu aquele sorriso largo e eu comecei a chorar, te abraçava e chorava, é como se naquele momento nós tivéssemos não só um breve reencontro, pois só tínhamos ficado um dia longe um do outro, mas parece que naquele momento eu comecei a vê-lo de fato, além do bebê chorão que você era, o medo de que algo de muito ruim acontecesse à você fez com que eu despertasse daquela falta de conexão entre mim mesma e entre nós!
Eu ainda teria um longo caminho a percorrer até que nos entendêssemos de fato, vieram mais 3 internações e com elas eu deixava tudo de lado pra me dedicar à você.
Hoje me questiono se essa não foi a maneira que seu corpo encontrou de me dizer que precisava de mim mais do que eu estava me doando, inclusive terminei de ler um livro onde fala da história de uma menina que desenvolveu tuberculose por conta do sentimento de rejeição que ela sentia e no livro a pessoa associa toda doença de pulmão com sentimento de rejeição, bem oportuno isso, não?
E então eu fui tomando contato com outras óticas sobre maternidade e a cada descoberta era como se eu tivesse levando um tapa na cara, a culpa se instalou de maneira avassaladora e eu precisei de ajuda profissional pra lidar com isso, resolvi fazer algo útil com essa culpa e a transformei em responsabilidade. Hoje posso te dizer meu filho: a mãe que eu era a 1 ano atrás terminantemente não é mesma de hoje!
Me reinventei, me reconstruí, não só como mãe, porque tudo isso me mudou como mulher, como ser humano, eu não só reinventei a maneira de maternar mas a maneira como eu me coloco diante do mundo.
Claro que o caminho é de mudanças sempre, e tem que ser assim! O dia que eu achar que sei tudo, que aprendi tudo ou que já mudei tudo que eu poderia mudar, com certeza estarei com sérios problemas!
Ainda erro pra caramba, com você, com sua irmã, comigo, com tudo, não tenho uma receita de bolo que me diz o que fazer, como fazer e qual hora fazer, inclusive há momentos que me sinto tão perdida e questiono se o que eu estou fazendo está certo, mas ultimamente procuro escutar a voz do meu coração, olho pra você e penso: não é possível que tanto amor vá dar errado!
Filho, tudo na vida nos convida a mudar, a se transformar, a se melhorar, mas nada na minha vida me fez olhar tão profundo pra dentro de mim quanto você! Nada no mundo me fez ter a disposição que eu tenho hoje pra aprender coisas novas, pra encarar o mundo pelo que eu acredito, para me reinventar de fato como você faz! Nossa relação não é tranquila e eu estaria mentindo se eu disse que não sinto um frio na barriga quando imagino você com 15 anos, você me mostra que eu, autoritária como sempre fui, não tenho controle de nada, principalmente sobre você! Posso ter um controle momentâneo por conta da condição de mãe de um menino de 3 anos, mas só! O que eu tenho pra oferecer além do meu amor que é algo do além, são meus exemplos e meu direcionamento, pra que quando você tiver com 15 você faça as melhores escolhas pra sua vida!
O que sinto nesse momento é GRATIDÃO, por ter a oportunidade de ser mãe de um espírito questionador e intenso como você! Que me ensina a todo momento, que me enternece com seu sorriso largo, que me acolhe com seu abraço carinhoso, que me faz rir com seus papos cabeça!
Com você eu aprendi a RESPIRAR meu filho, aprendi que tudo tem seu tempo, aprendi o que você quer me dizer nas entrelinhas, aprendi a observar você e a mim, com você eu me reconectei, comigo e contigo...
Feliz três anos, feliz vida que se inicia cheia de oportunidades, que possamos cumprir nossos propósitos firmados lá atrás, que possamos fazer dessa jornada uma jornada de aprendizado e evolução!